A pandemia da Covid-19 recentemente completou oito meses no Brasil, afetou todos os setores da nossa sociedade. Sentimos seus efeitos igualmente nos níveis social e econômico. Para o empreendedor brasileiro não foi diferente, é claro. No entanto, nem todas as empresas tiveram resultados negativos, e é sobre isso que vou falar neste texto.

Escrevi um artigo, publicado no Estadão, sobre como a pandemia é um tapa na cara do empreendedor brasileiro. O que eu quis dizer com essa frase é que essa crise mostrou que está na hora das organizações acordarem para as possibilidades da transformação digital. Por isso, é preciso adotar modelos que valorizam a inovação e não a tradição.

Não acredita em mim? Então, vamos demonstrar a importância de focar no digital com números.

No início de março, começou o distanciamento social no país — a popular quarentena — forçando a população para dentro de suas casas e fechando as portas de todos os negócios não essenciais. 

Em julho, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) publicou a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, com dados colhidos entre março e a primeira quinzena de junho. No total, 1,3 milhão de empresas brasileiras encerraram suas atividades em 2020, de forma temporária ou definitiva. Dessas, 40% (522,6 mil) fecharam por causa do impacto do isolamento e coronavírus.

Por setor, a proporção fica assim:

Ademais, das empresas que continuam funcionando, 70% disseram ter sentido um impacto negativo da pandemia. No entanto, para 16,2% o impacto foi positivo. Em agosto, esses números já havia mudado um pouco: enquanto 38,6% ainda perceberam impactos negativos do distanciamento, 27,5% sentiram efeito positivo.

O empreendedor brasileiro que venceu na pandemia

Como apontam os dados do IBGE, nem todas as empresas tiveram resultados negativos na pandemia. Um levantamento do Sebrae e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizado em julho, sugeriu que empresas digitalizadas se endividaram menos neste ano.

A pesquisa analisou pequenos negócios que atrasaram pagamentos durante a pandemia. Entre os mais de seis mil entrevistados, 33% disseram ter dívidas pagas e 31% não têm dívidas. Entre as características em comum destes que não estão endividados, estão as vendas digitais por redes sociais e uso de ferramentas de gestão online, antes dos impactos da pandemia. 

Para startups, o cenário é positivo

Considerando a importância do digital para o empreendedor brasileiro, que essas pesquisas mostraram, não é chocante que as startups estão entre as organizações que têm melhor lidado com a pandemia. 

Entre janeiro e setembro deste ano, aconteceram 100 aquisições de startups. Os dados são da empresa Distrito, que também apontou que os números superaram 2018 e 2019, além de mais recordes:

Um novo unicórnio em plena pandemia

O ano já começou com grandes novidades para o setor de startups: a Loft, uma empresa de compra de imóveis, tornou-se o primeiro unicórnio brasileiro de 2020. Ainda em janeiro, a empresa, que na época tinha apenas 16 meses de operação, anunciou um aporte de US$175 milhões.

Com o início do distanciamento social e a recuada na economia, os investimentos também caíram. No entanto, o setor logo começou a se recuperar… e crescer! Tanto que, em outubro, o Brasil ganhou um novo unicórnio: a Vtex.

A empresa, que ajuda grandes marcas a criarem e manterem lojas online, cresceu 98% na pandemia — o motivo certamente está óbvio: a solução que ela oferece. A evolução durante a pandemia foi tão grande que impressionou a Vtex, a qual só esperava atingir o patamar de US$ 1 bilhão em 2023.

Entre os mais de três  mil clientes em 42 países que proporcionaram o crescimento da Vtex, estão a Ambev, Coca-Cola, Nestlé e Motorola.

Aprendizados que o empresário brasileiro deve guardar

O segredo das empresas que não só conseguiram se manter como também crescer durante a pandemia não é mágica e sim, visão. Essas organizações entenderam, muito antes das mudanças drásticas pelas quais passamos neste ano, a importância de ficar de olho nas inovações do mercado e entrar de cabeça na transformação digital.

Para se manter funcionando, então, é preciso entender o que o mercado busca e o que as pessoas precisam hoje e desejarão no futuro. Para isso, não é necessário ser vidente e sim ter conhecimento das transformações que acontecem no mundo.

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